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Você é coach de que?

Essa semana, aliás, desde a semana passada estou bem doente, a gripe me pegou, estou de TPM, com muita cólica e dor, além das crises de suor que o remédio para depressão traz como efeito colateral. Hoje é sexta-feira e pelas minhas “metas” para 2021 já deveria ter escrito esse texto na terça, mas não deu.


No domingo assisti uma reportagem no Fantástico sobre coach, a febre dos últimos 2 anos, coach de finanças, de vida, de relacionamento, enfim, coach de tudo, eu já passei por essa fase de acreditar nos “hacks” revolucionários que fariam minha vida dar certo, mas passou! Há uma pessoa muito próxima e que eu amo muito, passando por crises de ansiedade e autoconhecimento bem pesada e que ainda cai um pouco nessas dicas essenciais “fique rico antes dos 30 anos, acorde às 5h da manhã, medite, ore, vá correr, tome um banho gelado, vista sua melhor roupa, café puro, trabalhe focado, produza, produza, produza, estude, cuide da sua família, coma orgânicos, faça academia, faça pós, mba, doutorado, uma promoção no trabalho a cada 6 meses, no máximo 1 ano, se não, você é um fracassado, derrotado, invista na bolsa, ganhe muito dinheiro com ações, não compre sua casa, é burrice, você tem que viver de renda, você tem que achar o seu propósito, você tem que fazer tudo isso que eu disse e ser feliz, feliz não, muito feliz, feliz pra caralho, mais feliz do que todos os derrotados que te rodeiam, essas pessoas tóxicas, que não querem crescer, que não querem ficar milionários com ações, que tomam cerveja no copo americano, que pobreza de espírito, se livre dessas pessoas tóxicas, você é capaz de conquistar TUDO sozinho, é só você e a força do seu pensamento, vai!” Ufa! Era para escrever duas linhas e desembestei falando! Talvez por que eu esteja escrevendo isso para mim mesma! Sabe aquela velha história de que você “tem que ter horário para tudo”, mas no fim você não tem tempo para nada?


Bom, daí teve esse lance da reportagem + a doença dessa pessoa que eu amo + as minhas próprias crises e veio o filme Soul, uma dica linda da @mudeiarota, “Se você não tem o Disney Play, usa o teste grátis por uma semana e assiste esse filme!”, bom, foi o que fiz. Já simpatizei desde o começo, pois como vocês sabem, meu marido é músico e vivemos há 8 anos o dilema de “será que é a música mesmo?” os boletos apertam sabem?! É muito julgamento, muita crítica, pouquíssimo apoio, vivemos nossa vida muito bem, mas o peso do CLT e vale refeição ainda é muito forte para 95% das pessoas que eu conheço, e o filme retrata muito bem isso.


Faz um bom tempo que todos os dias ficamos pensando em missão, propósito, ser feliz, contas para pagar, uma sociedade para dar satisfação e padrões a se adequar, nada se encaixa sabe?! Eu não vou falar exatamente sobre o filme, pois cada um tem uma leitura, mas quero trazer a reflexão que eu tive “e se o propósito da vida for apenas viver?”, sentir amor pelas pessoas mais próximas da sua vida, como a família, se sentir saudável para correr e sentir sua pele transpirar, comer aquela comida que tira todos os seus problemas da cabeça, mesmo que seja por alguns segundos. No momento que vivemos, nesse capitalismo selvagem, é muito, muitooo difícil colocarmos 100% do nosso propósito, missão e felicidade no trabalho, inclusive esse meu texto vai para o LinkedIn e meu diretor pode ver que eu não estou 100% feliz no meu trabalho, e não estou mesmo! Porque o trabalho que exerço é um pedacinho da minha vida, ele já me enlouqueceu e me obrigou a tomar remédios tarja preta e hoje vejo que é só um meio de conseguir dinheiro para viver nessa sociedade imposta, faço o meu trabalho com até mais competência do que fazia quanto achava que se não me entregasse 100% não mereceria aquela vaga e minhas entregas tem sido muito melhores, acreditam?! Pra mim, é isso, dar menos importância ao que todo mundo está gritando que você deve fazer e viver, viver o agora, resolver o que tiver que ser resolvido sem tanto peso, sem tanta pressão. Não é papo de coach tá?! É uma constatação de quem foi ao inferno e voltou, ainda bem ferrada, mas melhorando a cada dia!


Assistam esse filme “Soul”, leiam “Os quatro compromissos: O livro da Filosofia Tolteca” se você tiver se sentindo meio sem noção do que fazer na sua vida, ou achando tudo ruim... acho que vai ajudar bastante a enxergar que o propósito, talvez seja não ter propósito e que você não vai morrer por conta disso, só vai morrer na hora que tiver que morrer! Não dá para todo mundo ser o revolucionário fodão, bilionário, se todo mundo chegar nesse ideal não vai sobrar nada, entende? Até mesmo porque a cervejinha gelada no copo americano que é felicidade para um é o maior sinônimo de fracasso para o outro, contanto que o que acha “fracasso” não venha encher o saco e tentar convencer que isso não é bom para o que está feliz, está tudo lindo e fluindo, cada um com seu significado de felicidade.




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