Acabei de ler um dos livros mais cultuados da cultura indiana “Autobiografia de um Iogue”, escrito por Paramahansa Yogananda, que foi o mestre responsável por trazer a Yoga ao Ocidente. Ele é contemporâneo aos Beatles e até os caras piraram quando descobriram as técnicas de meditação que ele ensinava.
Não é novidade pra ninguém que um dos temas que mais gosto é espiritualidade e sempre quis ler esse livro, saí de férias em junho e aproveitei a oportunidade para finalmente ler, ele tem um formato “pequeno”, mas são 600 páginas, com muita reflexão, então levei mais tempo do que supus que levaria para ler.
O livro é basicamente um diário, dividido em 49 capítulos, que são histórias desde a infância de Yogananda à volta à Índia depois de se tornar mundialmente conhecido, eu não vou trazer detalhes de cada uma dessas histórias e sim o impacto que um poema trouxe.
O livro faz muito link com o Cristianismo, várias passagens citam a bíblia e a ligação com religiões muito mais antigas, não se trata de defender uma religião e sim de mostrar o quanto somos maiores que tudo isso.
O que mais me deixou “calma” foi ver que mesmo um espírito tão elevado e sábio como o de Yogananda teve suas dúvidas, contestações e tristezas, não é aquele livro good vibes com o guru que não sente dor, se estamos nesse plano (planeta Terra) é porque não somos esses seres de gratiluz 100% do tempo e precisamos realmente nos transformar, que isso leva tempo e muitas vezes vamos explodir, questionar e querer desistir, principalmente no quesito relacionamento com o próximo e com a natureza (essa sim, inteligente pra caramba e sem defeitos).
Perceber o quanto somos pequenos e ao mesmo tempo infinitos é o que dá o super nó na cabeça, vou postar o poema para ilustrar
“Podes controlar um elefante enlouquecido;
Podes fechar a boca do urso e do tigre;
Cavalgar um leão e brincar com uma serpente;
Por meio da alquimia, ganhar o teu sustento;
Podes vagar incógnito pelo universo;
Dos deuses, fazer vassalos; conservar-te eternamente jovem;
Podes caminhar sobre as águas e viver no fogo;
Mas controlar a mente é melhor E muito mais difícil”
Cap. 41 – pág 479
Porque trouxe isso e o que tem a ver com o título do texto?
Hoje estou triste, daqueles dias que não tem nada aparente sabe?! O gatilho foi um post no Linkedin, vi que uma pessoa que se doava 100%, brigava com todo mundo para que tudo saísse da forma “mais perfeita possível” e só “pensava” no trabalho foi mandada embora, de 100 a 0, a pessoa temida virou a que compartilha “open to work” para ver se alguém ajuda nesse momento ímpar depois de 20 anos. Daí entra os questionamentos sobre “ser tudo e não ser nada”, a raiva por não conseguir controlar a mente e ficar sem dormir por um e-mail não enviado ou uma crítica pela cor escolhida no gráfico do ppt!
A gente leva algumas coisas tão a sério e larga outras no meio do caminho, mas por que? A nossa alma infinita provavelmente não está nem aí para sua avaliação em Excel e muito mais para o quanto você se ama e tenta ser melhor.
A cada dia que passa só tenho mais certeza que “não sou nada” nessa vastidão, que aqui é só uma passagem, que nosso ego nos aprisiona e que deixamos de fazer um porrada de coisas que nos deixariam mais calmos e felizes porque queremos provar e entrar em padrões fabricados por pessoas que nem sabem que existimos!
Bom, a intensão desse texto não é motivar, é desmotivar o instinto natural que temos de ser trouxas. Vai viver sua vida linda, esse negócio de “vencer na vida” é uma balela sem tamanho, só para te aprisionar.
Até mais.
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