Escócia, um pedacinho verde da Ilha da Grã Bretanha, um sotaque difícil de entender para quem está acostumado com os filmes americanos, mas de uma simpatia incrível, principalmente se compararmos a dos londrinos.
Chegamos em um dia lindo e ensolarado, a temperatura era super amena, uns 18 graus e todo mundo estava morrendo de calor, a gente já começou a fazer tudo errado logo no aeroporto! A minha primeira viagem internacional tinha sido para a Irlanda, pouco mais de um mês antes dessa, mas já estávamos há quase dois meses na Europa e com o visto de um ano, portanto se achando “os europeus” hahahaha Assim que descemos do avião nos deparamos com duas portas, pareciam aquelas portas do programa do Silvio Santos uma escrita “europeus” e outra “não europeus” e o Willinha escolheu qual? Europeus! Nos estressamos logo aí, falei “queridinho, tu é de Osasco, se preserva”, mas aí fui na onda dele, encontramos um guarda que alegremente nos tratou como refugiados “Vocês são do Brasil e estão aqui sem passar pela imigração? Corre e aproveita o país”, essa animação foi um sinal claro de que teríamos um probleminha na volta, mas tudo bem, seguimos o conselho e fomos.
Queríamos conhecer as High Lands e o Lago Ness, a excursão para lá custava 100.00 euros, se comprássemos e nos atrasássemos 2 minutos perderíamos 200.00 euros, havia a possibilidade de sair correndo e encontrar vagas assim que chegássemos e fomos com essa intenção e adivinha o que aconteceu? Sim, deu tudo errado! O cara do taxi não entendia nosso inglês tupiniquim e a gente não entendia o dele, o dia estava maravilhoso e todo mundo resolveu ver o monstro do Lago Ness, chegamos e não tinha mais vaga para nada, só para a cidade St. Andrews, que tinha o primeiro campo de golf do mundo! Uhuuu amamos golf (sqn), fomos para lá! Nosso inglês era bem básico e logo na primeira parada quase ficamos pra trás porque não tínhamos certeza se tínhamos entendido o horário que tínhamos que voltar, não entendemos mesmo, nos atrasamos e todo mundo ficou olhando para nossa cara, mas tínhamos comido o fish and chips mais gostoso da vida (olha a foto) e estávamos bem felizes.
Chegamos em St. Andrews e a cidade era maravilhosa, parecia uma maquete de conto de fadas, tudo certinho e no lugar, conhecemos castelos e igrejas, a comida era uma delícia e todos da cidade pareciam felizes, voltamos para Edimburgo no mesmo dia e tivemos a primeira experiência em um hostel, olha era um hostel bem localizado, mas bem vagabundo também! A cama era dura e ficava em frente a um bar bem barulhento, estávamos tão cansados que logo pegamos no sono. Acordamos bem cedo no dia seguinte e fomos conhecer a capital, daí descobri que o Will iria amar cemitérios daquele dia em diante e ia querer entrar em todos, socorro! Não sou obrigada, mas era! Tira foto de catacumba, tira foto de cruz, foto de catacumba, foto de cruz e assim foi boa parte da manhã. A cidade é absurdamente sombria, todos os filmes medievais e de assombração parece que saíram de lá e eles exploram bem esse lado da cidade, se seu inglês estiver bom vale muito a pena fazer uma visita guiada pelos becos e cemitérios! Se não, não... você não vai entender nada mesmo =) Almoçamos no Castelo, esse foi um dos primeiros que vi e me encantou completamente, e é tão legal ver o contraste das coisas, voltamos para a escola encantados com o castelo, duas semanas depois um grupo de italianos foi pra lá e voltou falando super mal, que o castelo era pequeno e sem graça, daí você começa a entender que não existe experiência unanimemente boa ou ruim, o que muda de pessoa para pessoa é a referência e isso é incrível! Continuo achando maravilhoso!
Fizemos um roteiro daqueles que se encontram na internet “Conheça toda a cidade em 1 dia”, fomos a fundo nisso, Tínhamos feito um planejamento minucioso para que tudo saísse perfeito, jogamos fora e tudo saiu muito perfeito, aprendemos já de cara que planejamento é sim essencial, mas tem coisas que precisamos descobrir pela intuição, naturalmente uma coisa vai levando a outra quando se está aberto para o novo e sem preconceitos. Foi assim que fizemos, andamos uns 20km, fomos em todos os pontos conhecidos, eram as férias de verão e a cidade estava viva! Foi lá que descobri o quanto eu amava cidades que tinham música ao vivo nas ruas, tomamos uísque, compramos cashmere e até visitamos a estátua do cachorrinho que ia visitar o túmulo do dono todos os dias. Foi no alto da cidade que tiramos nossa primeira foto do beijinho, que nos serviu de inspiração até hoje em todos os lugares que visitamos, essa foi sem dúvida a mais especial porque foi totalmente espontânea! O Will preparou o tripé e veio correndo, quando ele olhou para minha cara falei “me beija” e a foto saiu <3 tá aí ó
Aproveitamos tudo que estava ao nosso alcance até que chegou a hora de voltar, fomos no balcão da Rynair, um ônibus com asas que é o sonho de consumo para todo viajante com pouco dinheiro, lá os não europeus têm que passar no balcão da companhia e dar uma carimbadinha no ticket do vôo, a moça deu umas boas foleadas no nosso passaporte e soltou, cadê a entrada no país? Olhei para a cara do Will com todo o amor que tinha no meu coração, explicamos que estávamos vindo da Europa, que iríamos morar lá por alguns meses e entregamos o gnib (visto irlandês), ela até que não foi tão dura e falou “tá, da próxima vez carimba o passaporte!” eu achei ótimo e no fim tudo deu tão certo que não vejo a hora de ir para a terra do uísque e ovelhinhas novamente !